A humanidade vive momentos de reflexão frente a agonia e o sofrimento de muitos. Uma guerra surgida do ódio: por um lado o sentimento de vingança, pelo outro a religião utilizada para justificar a guerra, tornando os sentimentos negativos um elemento quase que solidificado entre os homens. A paz, segundo a visão deturpada de hoje, só seria concebida por meio da guerra. "Afinal, é preciso derrotar o inimigo causador desse caos", diriam eles.
Contudo é necessário levantarmos os olhos para além desse sentimento que nos amarra a um egoísmo exacerbado e que rodeia os nossos anseios de um mundo melhor entre angústias causadas pelo sofrimento. É preciso enxergar que a verdade nunca está ao lado daquele que levanta a mão contra o seu semelhante.
Somente à medida em que formos modificando o nosso interior, apaziguando rancores, é que o mundo conseguirá se elevar através transformação da mentalidade humana.
O movimento Umbandista prega a paz, a caridade e a igualdade em todas as suas formas de expressão, pois só assim surgirão novos conceitos nas áreas sociais, política, econômica e religiosa, dando início a uma fraternidade universal, inclusive de união entre os povos.
A vingança é um dos últimos resíduos dos costumes bárbaros, que tendem a desaparecer dentre os homens. Ela é como o duelo, um dos derradeiros vestígios daqueles costumes selvagens em que se debatia a humanidade no começo da era Cristã. Por isso a vingança é um índice seguro do atraso dos homens que a ela se entregam, e dos espíritos que ainda podem inspirá-la. Portanto esse sentimento jamais deve fazer vibrar o coração de quem quer que se diga e se afirme espírita. Vingar-se é contrário ao preceito do Cristo: "Perdoai aos vossos inimigos", que aquele que se recusa a perdoar não somente não é espírita como também não é Cristão.
Jules Oliver
Paris, 1862
Amai-vos uns aos outros e sereis felizes. Tratai sobretudo de amar os que vos provocam indiferença, ódio e desprezo. O Cristo que deveis tornar o vosso modelo, deu-vos o exemplo dessa abnegação: missionário do amor, amou até dar o sangue e a própria vida. O sacrifício de amar os que vos ultrajam e perseguem é penoso, mas é isso, precisamente, que vos torna superiores a eles. Se vos os odiasseis como eles vos odeiam, não valerieis mais do que eles.
Fenelon
Bordeaux, 1861
Amigos, lembrai-vos deste preceito: Amai-vos uns aos outros, e então, ao golpe do ódio respondereis com um sorriso, e ao ultraje com o perdão. O mundo, sem dúvida, se erguerá furioso e vos chamará de covarde: erguei a fronte bem alto e mostrai, então, que a vossa fronte também não recearia ser coroada de espinhos, a exemplo do Cristo, mas que a vossa mão não quer participar de um assassinato autorizado, podemos dizer, por uma falsa aparência de honra, que nada mais é senão orgulho e amor próprio. Ao vos criar, Deus vos deu o direito de vida e de morte, uns sobre os outros? Não, pois só deu esse direito à Natureza, para se reformar e se refazer. Mas a vós, nem sequer permitiu dispordes de vós mesmos.
Santo Agostinho
Paris, 1862